Summertime
1. Todas as coisas, sobretudo as nomeadas, sofrem um processo de diluição nas águas da memória. Essas águas são o tempo em estado líquido e, só falsamente, no literário (seja lá o que isso for) assim as tratamos como verdade.O tempo é as mais das vezes canalha. Vive para construir um imenso obituário.
3. - Viva Porgy! Meu maravilhoso mendigo, negro mais bonito não há! - Olá Bess! Minha negra linda, minha mulher, meu amor!
Entravam à sucapa, como benfazejos fantasmas, que ninguém deu por eles, os dois arquétipos de uma primeiríssima ópera americana. De George Gershwin, segundo o libreto de Edwin duBose Hayward de título”Porgy”. “Porgy and Besss”. Talvez os dois personagens tenham ficado connosco até ao final do concerto. Se o fizeram, bem hajam!
Podíamos estar todos no Carnegie Hall, no seu ambiente particular. Na mágica do tempo dos metrónomos compreendíamos, ali na ambiguidade espacial, através do desempenho daqueles quatro e dos seus clarinetes o fenómeno original que foi Gershwin. De quem diziam ter sido um preciosista… um insatisfeito.
Foi como se um pássaro cantasse na noite e depois se recolhesse, melancólico a rever uma por uma as notas que gastara no canto. Todas as coisas, sobretudo as nomeadas, sofrem um processo de diluição nas águas da memória…
4. Summertime.
José Carlos Martins
22 de Junho de 2006
3 Comments:
Porque quando se promete se deve cumprir, aqui fica um OLÁ !
Dia 24 lá estaremos.
bons sons...
Pois é! um comentário vou tentar fazer, mas arranjar palavras depois de assistir a um concerto do "Quarteto Ébano" é complicado...
mas como com uma palvra conseguimos dizer muita coisa... eu digo... EXCELENTE... FENOMENAL...
beijinhos
Eu ainda não ouvi uma única nota do Quarteto Ébano, mas depois do que o Zé, desculpem, o José Carlos Martins, escreveu! fico muito atento no meu cantinho à espera de um pequeno sinal: quero ficar na última fila, sozinho, cabeça erguida de pensamento virado para a madeira negra que os meus olhos vão encontrar.
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